Totalmente on-line, game de tiro 'Mag' não traz emoção nos combates

28/03/2010 10:50

 

Jogador demora para entrar em confrontos por conta dos cenários grandes.
Título do PlayStation 3 permite até 256 jogadores simultâneos.


 

Ampliar FotoFoto: Divulgação

Game de tiro exclusivo do PlayStation 3 é totalmente on-line. (Foto: Divulgação)

Plataforma: PlayStation 3 
Produção: Sony Computer Entertainment 
Desenvolvimento: Zipper Interactive 
Distribuição no Brasil: Sony 
Gênero: Tiro em primeira pessoa 
Lançamento: 26 de janeiro nos EUA 
Preço sugerido: R$ 200 
Nota: 6,0* 


 

 

 

 

 

 


O crescimento da produção de jogos totalmente on-line é inevitável. RPGs como “World of warcraft”, o título de maior sucesso jogado exclusivamente pela internet, provam que partidas entre diversos jogadores estão consolidadas no gênero. As produtoras agora buscam levar outros estilos de jogos para o ambiente on-line, tentando fazer o mesmo sucesso que os RPGs. 

A Sony sai na frente nesta tentativa com “Mag”, abreviação para “massive action game” ou jogo de ação massivo em uma tradução literal. O alarde feito em cima do título elevou as expectativas dos fãs: anunciado na E3 2008, o título tem a mesma equipe do excelente game de tiro tático “Socom”, suporte para até 256 jogadores simultâneos em um grande campo de batalha e possibilidade de criar e evoluir personagens. Entretanto, por mais que “Mag” tenha sido produzido com base nestas boas ideias, elas parecem ter ficado apenas no papel durante o período de desenvolvimento. 

O problema é que a principal propaganda de “Mag”, ter muitos jogadores ao mesmo tempo na tela distribuindo tiros para todos os lados, não acontece. São raros os momentos de confrontos entre dois batalhões, e mais raros ainda são as disputas tensas como as do modo on-line de “Call of duty: modern warfare 2”. Os cenários são vastos demais, o visual do game foi mal acabado e, principalmente, os próprios jogadores não entenderam o espírito de trabalho em equipe proposto pelo título. 

O manual de "Mag" pode até explicar que conversar utilizando um microfone Bluetooth ou USB é uma função opcional “que intensifica a sensação do jogo e permite que os jogadores coloquem mais ênfase nas táticas”. Na prática, realizar contatos de voz com os seus colegas é fundamental para tentar organizar ataques nos cenários amplos. Mais difícil do que se comunicar é fazer com que todos os soldados do pelotão cumpram o objetivo em vez de ficar tentando apenas atirar nos adversários. É uma questão cultural, pois o problema acontece em outros games de tiro on-line, mas que, para um game com uma grande quantidade de jogadores, precisa dar certo. 

 

Ampliar FotoFoto: Divulgação

Jogador faz parte de um grande exército, mas joga apenas dentro de pequenas tropas. (Foto: Divulgação)

Por conta da obrigatoriedade da comunicação por voz, os jogadores brasileiros que não têm o conhecimento da língua inglesa terão dificuldades para realizar as missões. Ainda mais por conta de “Mag” possuir uma hierarquia em que os jogadores, conforme evoluem nas batalhas ganham cargos. De líder de um pequeno pelotão é possível se tornar líder de um dos três exércitos presentes no título. No topo do poder, o jogador ordena seus soldados a cumprir objetivos do melhor modo possível, além de participar efetivamente dos combates. Ao entrar no campo de batalha, é importante manter os companheiros organizados. Os cenários grandes geralmente dispersam o grupo, o que acaba tornando a tropa um algo fácil para um exército mais experiente.

 

O tamanho das fases é o grande vilão do ritmo lento do jogo. Tanto em confrontos “team deathmatch”, ou seja, um time contra outro, quanto em “domination”, que tem como objetivo destruir uma fonte de combustível do adversário, leva-se algum tempo para encontrar um inimigo para trocar tiros. O motivo é que o jogo divide os 256 jogadores em pequenos esquadrões que são espalhados pelos cenários. Mesmo ao morrer, o soldado volta para um ponto de origem longe da ação e deve seguir um longo caminho até onde acontece o tiroteio. Outro jogador, no entanto, pode ajudar um colega a ter uma nova chance: quando o soldado morre, ele pode se mover lentamente por alguns instantes, aguardando por ser curado por um aliado. Isso nem sempre acontece, uma vez que os jogadores estão sempre preocupados em atirar. 

 


  Na parte técnica, “Mag” se sai bem. Não há problemas de lentidão mesmo com o limite máximo de jogadores na partida. Para conseguir este nível de qualidade, a Zipper teve que reduzir a qualidade gráfica do game. O visual não é ruim, mas está muito abaixo de outros títulos de tiro em primeira pessoa. 

Mesmo limitada, a criação e a evolução de personagens é interessante. Ao eliminar adversários, o jogador recebe pontos de experiência. Eles podem ser utilizados para aprimorar habilidades como pontaria e velocidade e até para adquirir novos equipamentos. Não há nenhum tipo de classes cabe ao jogador decidir que tipo de soldado ele deseja ser. 

Por mais que “Mag” tente mostrar que um jogo de tiro pode ser totalmente on-line e que o gênero possa abrigar uma grande quantidade de usuários simultâneos, o título é muito mais um protótipo de algo maior que pode vir nos próximos anos. É preciso realizar um polimento no game para que os combates apresentem mais emoção e exijam que o jogador tenha uma mira precisa e não fique apenas correndo para o local onde está acontecendo o combate. Ainda, é preciso que o próprio jogador entenda que, mesmo com 256 pessoas, ele faz parte de um grupo e que ele tem um objetivo específico. Neste gênero, “cada um por si” não existe.

Foto: Divulgação

Nos cenários amplos, os combates acirrados são raros de acontecer. (Foto: Divulgação)