EUA extraditam casal de Minas

28/03/2010 11:09

 

Celso Vieira dos Santos e Elisabete Vieira são acusados de matar rapaz em Teófilo Otoni e devem ser deportados. Em Newark, eles respondem a processo por imigração ilegal

 

A Suprema Corte dos Estados Unidos deve definir nesta semana pela deportação do casal de mineiros Celso Vieira dos Santos, de 45 anos, e Elizabete Maria Weberling Vieira, de 39, acusado pela Justiça brasileira de assassinar, em janeiro de 2003, o lapidário Ronie Rodrigues Fagundes no distrito de Lajinha, zona rural de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, a 450 quilômetros de Belo Horizonte. Os dois eram procurados pela Interpol (organização internacional de polícia, da qual fazem parte 188 países) desde agosto de 2008. O casal, que vivia ilegalmente nos EUA, teve ordem de prisão expedida pela Justiça de Minas Gerais e pela Primeira Vara Criminal de Teófilo Otoni, assinada pela juíza Rosemeire das Graças Couto. Eles foram detidos na semana passada em Newark, nos Estados Unidos, onde vive grande quantidade de brasileiros, principalmente emigrantes da Região Leste de Minas.

Segundo informações da polícia americana, o casal foi preso num bairro da Região Leste de Newark, conhecido como Ironbound. Eles fugiram logo depois do crime, que na época chocou os moradores do distrito de Lajinha. Depois da fuga, a Justiça decretou a prisão cautelar dos acusados, cuja pena varia de 12 a 30 anos de prisão. O corpo do lapidário foi encontrado numa cova rasa por populares num matagal no sítio Floricultura Raquel, que pertencia ao casal Celso e Elizabete. O exame de necropsia feito no Instituto Médico Legal (IML) de Teófilo Otoni revelou que o homem foi morto com seis tiros nas costas.

De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, Ronie teria aproveitado a ausência do comerciante Celso Vieira e iniciado um relacionamento com Elizabete. Vieira passava a maior parte do tempo viajando para cidades da região vendendo mudas de plantas ornamentais. O caso amoroso acabou se tornando público e a mulher teria planejado matar o marido para assumir o relacionamento com Ronie, que na época também era casado. Para executar o marido, Elizabete contratou o próprio amante, mas, por motivos não esclarecidos, desistiu da trama. Ameaçada por Ronie, Elizabete pediu ao marido que a ajudasse a matar o rapaz.

Sete anos depois, o crime ainda causa repercussão na região. Um lavrador, que preferiu se identificar apenas como Carlinhos e que vive próximo ao sítio onde o corpo da vítima foi encontrado, disse que sabia que a história do triângulo amoroso iria terminar de forma trágica. "Havia comentários de jura de morte dos dois lados. Ninguém aceita uma traição", comentou o lavrador. Nos EUA, o casal responde por crime de imigração ilegal, pois entrou no país sem autorização legal, passando pelo deserto do México. Se deportados, Celso e Elizabete retornam ao Brasil num voo comercial, mas acompanhados por agentes do Departamento de Imigração dos EUA até serem entregues a representantes da Justiça brasileira.